Sintra 2009
Excertos da memória descritiva apresentada para o
concurso Prémio Arquitectar 2009:
'O local escolhido insere-se numa área metropolitana periférica bastante descaracterizada, situado entre a Praia das Maçãs e a localidade das Azenhas do Mar, na costa litoral do concelho de Sintra.
(...) interessou-nos mais que a solução sustentável da arquitectura adviesse de uma solução de desenho e de crítica construtiva, distanciando-se claramente de efémeras soluções tecnológicas. Neste sentido a natureza da arquitectura e da construção proposta deverá reflectir o seu contexto - o território, cultura local, clima e orografia - na sua instalação enquanto objecto.
(...) Como referência simbólica interessou-nos a imagem de uma ruína, do simbólico construído fundido com o seu meio natural, coexistindo por vezes residualmente com algumas das suas funções programáticas primitivas. Quisemos que a imagem de uma ruína representasse o imagético de elementos sustentáveis e bioclimaticamente versáteis.
(...) Sendo assim, à imagem de uma ruína, desenvolveu-se uma parede periférica espessa e monolítica, que posteriormente acolheu um volume com todo o programa proposto a concurso. (...)
Quisemos que estas paredes periféricas fossem constituídas por matéria local (terra) e por isso optamos pelo sistema contrutivo de taipa.
(...) Esta matéria depois de seca permite um elevado comportamento térmico e acústico devido ao seu elevado factor de inércia, e uma aparência homogénea e monolítica. Este volume procurou soltar-se das paredes-contentor permitindo iluminação zenital. Foram abertos pontualmente os vãos respectivos a cada unidade programática, priveligiando essencialmente a orientação a sul (na sua relação com o mar). O espaço exterior funciona como prolongamento da casa, criando zonas de estadia, acesso pedonal alternativo, cenário interior/exterior, potenciação de vistas mar, criação de eixos visuais dominantes.
Sobre a vegetação, procurou-se utilizar espécies arbóreo/arbustivas adaptadas às condições edafo-climáticas do local, especialmente à próximidade do mar, que facilitam a instalação de vegetação no terreno e minimizam as exigências em rega e manutenção (uso regrado de recursos e energia). A utilização de prados não regados diminui a necessidade em água e cortes ao longo do ano, criando distintas imagens ao longo das estações, enriquecendo o espaço através da sua riqueza cromática e textural (sazonalidade).
A trepadeira surge como um elemento orgânico que utiliza as paredes da casa como suporte de vida e se vai apropriando desta para se desenvolver. A imagem monolítica e intemporal da “ruína” vai sendo absorvida pela natureza, integrando-a na paisagem como mais um elemento do território.'
Plataforma de chegada com vista mar
Zona de Entrada e Circulações
Sala de Estar e Jantar
Zona de ExteriorPainel 01 (pdf) / Painel 02 (pdf)
Ficha Técnica
Arquitectura, Vizualização 3d: Tiago Mota
Arquitectura Paisagista: Nuno Almeida